Toxoplasmose e Gravidez
Toxoplasmose
O que é a toxoplasmose?
A toxoplasmose é uma infecção causada por um protozoário, o Toxoplasma Gondii, que tem como principal hospedeiro o gato e cujo período de incubação é de cerca de dez dias.
Qual a sua prevalência?
A prevalência da Toxoplasmose varia de país para país, observando-se variações tão grandes na prevalência como 20% nos Estados Unidos da América e na Inglaterra, 73% na França e cerca de 60% em Portugal. A taxa de infecção é de cerca de 4,2 crianças infectadas em cada 1000 nados vivos.
Como ocorre a transmissão da toxoplasmose?
A infecção nos gatos faz-se pela ingestão de roedores infectados. Os organismos desenvolvem-se nas células intestinais do gato, são eliminados nas fezes e amadurecem no meio externo em três a quatro dias em oócitos infectantes. Estes podem ser ingeridos por outros animais ou pelos seres humanos e produzir uma infecção aguda e crónica de vários tecidos, incluindo o cérebro.
Assim, os seres humanos são infectados por duas fontes: Ingestão de alimentos contaminados por oócitos (geralmente através das fezes dos gatos) e Ingestão de carne mal cozida de animais que servem como hospedeiros intermediários.
Sintomas:
Nas pessoas saudáveis, esta infecção não provoca sintomas porque o sistema imunitário impede o parasita de causar doença. Quando ocorre, tende a ser muito ligeira, semelhante a um quadro gripal que dura algumas semanas ou meses e depois desaparece.
Os sintomas da doença incluem calafrios, febre, cefaleias, mialgias, linfadenite cervical posterior e fadiga, assemelhando-se à mononucleose infecciosa. Contudo, é importante reter que o parasita permanece no organismo, podendo ser reactivado se as defesas diminuírem.
Os sintomas de forma crónica são inflamação ocular, exantema, febre alta, hepatite, encefalomielite e miocardite.
Como se diagnostica a toxoplasmose?
O diagnóstico de toxoplasmose é quase sempre laboratorial, através de análises ao sangue que demonstram a presença de anticorpos contra o parasita.
Como se trata a toxoplasmose?
Na maioria das pessoas saudáveis, a recuperação da toxoplasmose ocorre sem tratamento. No entanto, quando necessário o tratamento consiste na administração de um conjunto de medicamentos, como a espiramicina, sulfadiazina e a pirimetamina,
O tratamento durante a gravidez é discutível, porque os medicamentos podem ser tóxicos para o feto. Como tal, importa avaliar cada caso de forma individual, no entanto a a espiramicina 3 gramas por dia tem-se revelado eficaz, uma vez que, é considerada inócua mesmo no primeiro trimestre de gravidez. O medicamento deverá repetir-se ao longo da gravidez, com intervalos de um mês, acompanhado da vigilância da grávida e feto. De acordo com a lei, a infecção materna por toxoplasmose pode justificar a interrupção da gravidez.
Toxoplasmose e gravidez – Como ocorre a infecção fetal?
A infecção fetal pode dar-se por dois mecanismos: migração transplacentária durante a parasitémia materna, como consequência de infecção aguda durante a gravidez e por via transplacentária ou transamniótica, a partir de quistos de toxoplasma acantonados no endométrio numa infecção latente e pré-concepcional.
O risco para o feto depende da idade gestacional em que a infecção ocorre e da sua capacidade imunitária no momento da transmissão. Quando a infecção materna se verifica no último trimestre, a transmissão ao feto é mais frequente mas a doença do recém-nascido é quase sempre subclínica. Se a infecção ocorre no início da gravidez, a transmissão fetal é menos frequente, mas a doença no recém-nascido é mais grave, uma vez que, a infecção pode ser assintomática na mãe com transmissão não reconhecida para o feto, aumentando o número de abortos, nados mortos, atraso intra-uterino do crescimento e infecção congénita grave. Ao nascer, o recém-nascido desenvolverá icterícia, hepatoesplenomegália, convulsões, encefalite, microcefalia, calcificações cerebrais, atraso mental, coriorretinite e cegueira com mau prognóstico.
Prevenção:
Relativamente à prevenção primária da doença, deve passar por dois pontos fulcrais: medidas ao nível da alimentação e medidas ao nível do contacto com o meio ambiente e com os animais:
- Utilizar luvas em actividades que impliquem contacto com a terra e lavar as mãos no fim das mesmas
- Lavar bem as mãos e todos os utensílios de cozinha (facas, tábuas) durante e após a preparação de alimentos crus
- Descascar ou lavar bem as frutas, verduras e legumes crus para retirar a terra
- Evitar ingestão de saladas fora de casa
- Carne e ovos bem cozinhados
- Não consumir produtos lácteos não pasteurizados
- Evitar água não tratada
- Evitar o contacto com a caixa de areia dos gatos (dejectos) e, se tal for necessário, fazê-lo usando luvas e lavando as mãos logo de seguida.
a Parteira explica
Fontes:
- Graça, L. (2010) Medicina Materno-Fetal. 4ªEd. Lisboa: Lidel.
- Direcção Geral de Saúde [DGS] (2000). Divisão de Saúde Materna, Infantil e dos Adolescentes. Saúde Reprodutiva: Doenças Infecciosas e Gravidez. Orientações Técnicas. Lisboa: Monumental.
- Centers for Disease Control and Prevention (2017). Toxoplasmosis.
- Direcção Geral de Saúde [DGS] (2015). Vigilância da gravidez de baixo risco.